quarta-feira, abril 29, 2015
Há 20 anos, quando a minha filha Sandra Sofia morreu, vítima de sida e
de droga, tornei-me intolerante com os traficantes de droga. Revoltada,
culpei-os pelo seu desaparecimento e desejava que lhes acontecesse
muito mal! Lembro-me de ter visto um traficante sul-africano a ser
queimado junto de um pneu e de eu não ter conseguido condoer-me do
homem. Hoje, não penso assim. O tempo encarregou-se de me curar. Pela
Sandra, achei que devia partilhar o que sinto.
sábado, fevereiro 28, 2015
Desabafos de mãe
Vinte anos depois, a saudade mantém-se. É claro que a dor da sua partida se suavizou. Mas não desapareceu!
Vinte anos depois continuo a imaginar no que seria a vida se ela cá estivesse. Não quis o destino que assim fosse. Partiu numa madrugada fria. Mas eu só soube que jamais iria ouvi-la e vê-la de manhã cedo quando me ligaram do hospital. Adivinhei. Estava tão doente, tão frágil, a minha Sandra Sofia!
Hoje,ainda me pergunto por que não terei adivinhado que pouco tempo nos restava para estarmos juntas quando estava a seu lado na noite anterior à sua partida .
No frigorífico da salinha de estar do hospital ficaram os morangos que ela queria dizendo-me esperançada: Mãe, se eu amanhã estiver melhor...
Vivo das memórias do seu riso, do seu abraço, da sua voz. Recordo a sua teimosia e pergunto-me por que não quis seguir outro caminho.
Sofri muito. E chorei, se chorei! Não sei se soube ou não fazer o luto. Não culpei Deus pelo que aconteceu à minha filha. Culpei-me por ter não ter conseguido afastá-la dos perigos da vida e de não ter meios para a salvar, mesmo sabendo que a Sida não tem cura.
Acho que, durante os primeiros tempos, me tornei menos tolerante. Depois, bem, passou. Afinal, que culpa tinham os outros? Mas, claro, continuo a ser pouco tolerante com os traficantes de droga.
Passei a relativizar a importância dos dias. E cada vez mais vivo como se cada dia fosse o último.
Se o tempo cura tudo? Não creio! A dor de uma mãe que perde a sua única filha é incurável!
Vinte anos depois continuo a imaginar no que seria a vida se ela cá estivesse. Não quis o destino que assim fosse. Partiu numa madrugada fria. Mas eu só soube que jamais iria ouvi-la e vê-la de manhã cedo quando me ligaram do hospital. Adivinhei. Estava tão doente, tão frágil, a minha Sandra Sofia!
Hoje,ainda me pergunto por que não terei adivinhado que pouco tempo nos restava para estarmos juntas quando estava a seu lado na noite anterior à sua partida .
No frigorífico da salinha de estar do hospital ficaram os morangos que ela queria dizendo-me esperançada: Mãe, se eu amanhã estiver melhor...
Vivo das memórias do seu riso, do seu abraço, da sua voz. Recordo a sua teimosia e pergunto-me por que não quis seguir outro caminho.
Sofri muito. E chorei, se chorei! Não sei se soube ou não fazer o luto. Não culpei Deus pelo que aconteceu à minha filha. Culpei-me por ter não ter conseguido afastá-la dos perigos da vida e de não ter meios para a salvar, mesmo sabendo que a Sida não tem cura.
Acho que, durante os primeiros tempos, me tornei menos tolerante. Depois, bem, passou. Afinal, que culpa tinham os outros? Mas, claro, continuo a ser pouco tolerante com os traficantes de droga.
Passei a relativizar a importância dos dias. E cada vez mais vivo como se cada dia fosse o último.
Se o tempo cura tudo? Não creio! A dor de uma mãe que perde a sua única filha é incurável!
domingo, maio 25, 2014
Saudade
(Lisboa, 1995)
A vida parou ainda era noite.
E
Em dia de sol
voaste rumo ao infinito...
E eu fiquei!
Minh´alma vagueia
teu sorriso
teu olhar doce
Minh´alma busca
divaga...
e eu procuro
e não te vejo.
Minh´alma peregrina
perscruta o azul e
se amargura
e eu procuro
e não te vejo.
Meu coração magoado
entristece
Me quedo sozinha
Minha vida em desencanto
Os olhos em pranto
Ébria de tanta saudade
procuro
e não te vejo!
Minh´alma
Se inquieta
Se perde
De ti!
sexta-feira, fevereiro 28, 2014
quinta-feira, fevereiro 28, 2013
sábado, dezembro 22, 2012
Soneto de Natal
Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis
transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu
o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"
Machado de Assis
quarta-feira, novembro 07, 2012
Eu era uma jovem quando ela nasceu pequenina, moreninha, linda! Eu achava-a linda!Sempre a achei linda!A minha filhota cresceu e partiu um dia. Faria hoje 42 anos.
Recordo-a todos os dias. Sinto ainda hoje o calor do seu abraço,o gosto do seu beijinho. Não esqueci a sua voz. Tenho imensas saudades dela. Não a vejo mas sinto que me acompanha.Não a esqueço e amá-la-ei sempre, como se estivesse aqui ao meu lado. Onde ela paira, certamente receberá o meu beijo. E sentirá a minha profunda e, ao mesmo tempo, doce saudade. Até sempre, queria Sandra.
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