quarta-feira, dezembro 31, 2008


Receita de Ano Novo



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de Janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade


PS. Amanhã, quando a Internet estiver menos lenta, adiciono a foto...

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Boas Festas!


"Que é o Natal? É a ternura do passado, o valor do presente e a esperança do futuro. É o desejo mais sincero de do que cada xícara se encha com bênçãos ricas e eternas, e de que cada caminho nos leve à paz."-Agnes M. Pharo

"Sugestões de presentes para o Natal: Para seu inimigo, perdão. Para um oponente, tolerância. Para um amigo, seu coração. Para um cliente, serviço. Para tudo, caridade. Para toda criança, um exemplo bom. Para você, respeito." -Oren Arnold

sábado, dezembro 06, 2008

Éramos 12 irmãos. A minha irmã Dora, a mais velha, partiu cedo. Tinha apenas 50 anos. É saudosamente recordada amiúde por todos nós.
Gostamos de estar juntos, adoramos trocar impressões, conversar e, volta não volta, ensaiamos verdadeiros debates sobre temas acerca dos quais cada qual tem uma ideia muito própria. As nossas tertúlias fazem-se sempre à volta de uma mesa onde tanto pode estar um café como uma lauta refeição ou coisa nenhuma. Depende dos tempos. E tempos houve em que, os meus irmãos e demais família que se refugiaram no Timor indonésio em 1975 se reuniam à volta de uma mesa vazia e, de entre eles, os que depois se juntaram aos que já se encontravam em Portugal se encontravam vezes sem conta no Vale Jamor - onde viviam os refugiados timorenses – à volta de outra mesa ora sem coisa nenhuma, ora com um sucedâneo de café ( que o dinheiro não chegava então para o café puro...) ora com um franganito com imensa batata e arroz para umas 30 pessoas. Mas, quando nos juntamos e não há problemas de maior, divertimo-nos!
Nestas últimas semanas, temo-nos juntado sem alegria e não à volta de mesa nenhuma nem mesmo para debater ideias ou simplesmente conversar sobre as triviais coisas do quotidiano. Os nossos dias são ora partilhados entre o trabalho, idas breves a casa e permanências mais longas – tanto quanto nos é permitido pela instituição - ao Hospital Nacional Guido Valadares.
O nosso irmão Manuel, cujo sorriso aberto transmite a bondade do seu carácter, está bastante doente. Luta corajosamente contra a doença. Traz-nos, a mim, aos meus irmãos, com o coração na boca, tão grave é o seu estado de saúde. E como desejamos que ele melhore!

segunda-feira, dezembro 01, 2008