sábado, dezembro 06, 2008

Éramos 12 irmãos. A minha irmã Dora, a mais velha, partiu cedo. Tinha apenas 50 anos. É saudosamente recordada amiúde por todos nós.
Gostamos de estar juntos, adoramos trocar impressões, conversar e, volta não volta, ensaiamos verdadeiros debates sobre temas acerca dos quais cada qual tem uma ideia muito própria. As nossas tertúlias fazem-se sempre à volta de uma mesa onde tanto pode estar um café como uma lauta refeição ou coisa nenhuma. Depende dos tempos. E tempos houve em que, os meus irmãos e demais família que se refugiaram no Timor indonésio em 1975 se reuniam à volta de uma mesa vazia e, de entre eles, os que depois se juntaram aos que já se encontravam em Portugal se encontravam vezes sem conta no Vale Jamor - onde viviam os refugiados timorenses – à volta de outra mesa ora sem coisa nenhuma, ora com um sucedâneo de café ( que o dinheiro não chegava então para o café puro...) ora com um franganito com imensa batata e arroz para umas 30 pessoas. Mas, quando nos juntamos e não há problemas de maior, divertimo-nos!
Nestas últimas semanas, temo-nos juntado sem alegria e não à volta de mesa nenhuma nem mesmo para debater ideias ou simplesmente conversar sobre as triviais coisas do quotidiano. Os nossos dias são ora partilhados entre o trabalho, idas breves a casa e permanências mais longas – tanto quanto nos é permitido pela instituição - ao Hospital Nacional Guido Valadares.
O nosso irmão Manuel, cujo sorriso aberto transmite a bondade do seu carácter, está bastante doente. Luta corajosamente contra a doença. Traz-nos, a mim, aos meus irmãos, com o coração na boca, tão grave é o seu estado de saúde. E como desejamos que ele melhore!

3 comentários:

Anastácio Soberbo disse...

Olá, bom dia
Que lindo texto.
Ainda bem que a amizade existe entre vós.
Tudo de bom para essa boa gente.
Um abraço desde Portugal

Augusto Lança disse...

Cara Ângela
Espero que o seu irmão Manuel melhore rapidamente. Uma pessoa que já sofreu tanto... Sempre que vou a Timor passo pela sua casa, agora sede da Fundação Oriente, e visito a biblioteca. E fico esmagado pelo sofrimento e dor que as suas paredes testemunham. Fiz sempre por transmitir esta memória aos meus alunos.
Quando será que volto a Timor ?
Augusto - Sines

AnadoCastelo disse...

Espero que o teu irmão esteja bem melhor.
Jokinhas