quarta-feira, outubro 24, 2007


Quis o destino que o dia do seu nascimento fosse também o dia da sua partida para uma outra vida!
O nosso pai foi um grande homem. Marcou-nos para o resto da Vida. Não será demais dizer que o nosso pai burilou o nosso carácter. Ensinou-nos o valor de cada sentimento, a relatividade dos bens materiais e a capacidade de enfrentar qualquer dificuldade.
Com ele aprendemos a valorizar a família, a respeitar o próximo e a defender com honestidade as nossas convicções.
Amou profundamente a minha mãe, tratou-a com o máximo respeito e também por isso nos deixou como legado a certeza da igualdade homem-mulher.
Corajoso, determinado, leal, honesto, humilde, sábio e possuidor um coração do tamanho do Universo, assim era o nosso pai.
Os nossos pais fazem-nos falta. Quando vamos à Fazenda Algarve, sentimos que aquelas cadeiras onde o papá e a mamã se sentavam olhando-nos ou conversando connosco serão sempre as cadeiras deles. Não os vemos mas sabemos que estão lá. Lado a lado, como sempre estiveram enquanto foram vivos.
No dia em que passa o 106º aniversário do seu nascimento e o 30º da sua partida, um beijo para o meu pai.

sábado, outubro 13, 2007


Ainda não andei por lá, mas sei que é ali que se prepara o sal que não é tão salgado quanto o sal normal de Portugal ou da Austrália, por exemplo.
E agora, das salinas para o Liceu Dr. Francisco Machado.

Da Costa da Caparica pergunta-me o amigo Luís quem era o homem que deu o nome ao Liceu.
O Dr. Francisco Vieira Machado foi um dos primeiros directores (ou gerentes) do BNU, o Banco Nacional Ultramarino de Díli. E enquanto cá esteve resolveu fundar o Liceu primeiramente denominado Dr. Vieira Machado.
Só o vi uma vez quando, passados muitos anos sobre a sua primeira estada em Timor, voltou no âmbito em visita de trabalho ao BNU. Era então um senhor de cabelos brancos e foi recebido com as honras devidas no Liceu. É só o que sei do fundador do liceu por onde passaram quase todos os grandes nomes da Resistência Timorense.

terça-feira, outubro 09, 2007


O Liceu Dr. Francisco Machado traz-me recordações felizes de um outro tempo,de quando apenas os dias luminosos da juventude e da vida de estudante eram ensombrados por nuvens cinzentas protadoras de uma nota negativa, uma falta disciplinar e o respectivo “castigo” em casa. Este último era bem pior porque ficávamos – eu e os meus irmãos – confinados ao espaço do quarto e impedidos de participar nas refeições e, consequentemente, nas conversas que, diariamente, juntavam a uma grande mesa, os pais, filhos e netos.
Hoje já cá não estão os pais nem a irmã mais velha e alguns netos partiram antes do seu tempo.

Dos tempos sem sombra de partida de ninguém bem como dos ausentes ficou-nos profunda saudade
E das reuniões do tipo assembleia geral de família ficou-nos o hábito do convívio familiar com conversas infindáveis sobre tudo o que nos apetecer discutir, em conversas que duram horas a fio entre uma chávena de café, uma banana frita, uma feijoada, muito riso,alguns momentos de reflexão, uns de euforia, outros de melancolia, outros de exaltação... tudo saudavelmente partilhado!

sexta-feira, outubro 05, 2007


À chegada a casa, qualquer que seja a hora e depois de uma efusiva recepção ao portão, os nossos seis ferozes guardas (para os forasteiros com más intenções, claro!) esperam-nos junto das escadas onde só sossegam depois de devidamente “cumprimentados” por nós. Festinha aqui, festinha ali e Dondoca, Piloto, Pé-de-Vento, Flecha, Liurai e Bainó, seis amigos leais, meigos e dóceis descansam depois, mantendo-se sempre de ouvido à escuta e ladrando ao primeiro sinal de movimento anormal nas proximidades do seu território.

terça-feira, outubro 02, 2007


Durante os anos da minha juventude o dia 1 de Outubro era dia de grande festa na casa dos meus pais. Juntavam-se os filhos, os netos, os amigos e a festa ia até às tantas… Hoje, é dia de saudade, de recordar a Mulher que é uma séria referência na nossa vida - minha e das minhas irmãs. Recordo a minha mãe que faria hoje 96 anos.

Do outro lado do Mundo, ela continua, estou certa, a zelar por todos nós. Hoje, como há muito tempo, um beijo para a minha mãe.