sexta-feira, maio 25, 2007
Não me lembro se já publiquei ou não esta foto. Mas, sendo ela ilustrativa de que é possível, em Timor-Leste, ser tão transparente como as límpidas águas do mar, presumo que ninguém se importará com a repetição...
Através desta foto também se percebe que há pé até bem longe da praia. Isto explica a razão pela qual nunca aprendi a nadar... O que também não abona nada em meu favor, reconheço, porque, mesmo garota, tinha obrigação de ver mais longe e saber da profundeza do mar...
Também posso arranjar outra explicação para o facto de não saber nadar. É uma desculpa esfarrapada mas deve dar para aliviar a minha frustração...
Então, é assim: recordando que o nosso pai não gostava muito que as meninas mais novas da sua extensa prole - Gabriela, eu e Natália - andássemos fora de casa por muito tempo, tínhamos de estar ao pé da praia de forma a ouvir quem nos viesse lembrar que eram horas de voltar para casa... Se eu soubesse nadar, ia para bem longe, não ouvia chamamento nenhum e arriscava-me a levar umas palmadas no rabiosque.
Claro que é mesmo uma explicação esfarrapada porque, mesmo estando por perto, às vezes fazíamo-nos surdas, mudas e cegas! Aconteceu um dia qe, mesmo estando sentadas no areal da praia de Lecidere, fizemos de conta que não víamos nem ouvíamos o pobre do Paulo que repetia vezes sem conta serem horas do almoço, etc, etc..,
Estávamos a conversar tão animadamente que não nos apetecia nada voltar para casa... Fizemo-nos desobedientes e convencemo-nos de que já éramos independentes; só voltámos quando nos apeteceu, sem nos preocuparmos sequer que havia uma família inteira que queria almoçar e não o podia fazer en quanto todos não estivessem à mesa.
Na varanda, a senhora nossa mãe estava sentada fazendo de conta que não era nada com ela. O nosso pai lia, ou fingia ler, o jornal, creio que o Diário Popular que chegava semanalmente de Portugal
Mal nos viu, retirou o relógio do pulso para não nos magoar... Percebemos o que ia acontecer e pusemo-nos a jeito. Nós, as três mais novas, perfilámo-nos e cada uma de nós levou à vez uma palmada no rabo!
Doeu, oh se doeu! Chorámos que nem Madalena arrependida!
Mas o nosso pai deve entretanto ter-se recordado dos seus arroubos da juventude e, como prova de que já tudo tinha passado, mal viu passar o António vendedor de gelados da casa Vitória, adoçou-nos a boca e refrescou-nos os ânimos com uns quantos gelados fresquinhos...
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2 comentários:
Olha que história tão engraçada. Mas contenta-te que eu também não sei nadar. Como sabes o Joaquim até goza comigo, mas eu faço de conta que não é nada comigo. Quem sabe um dia?
Beijinhos e bom fim de semana
Ângela li num dos seus textos do Blog do jornal Público, que precisa de livros de poesia.
Gostaria de lhe enviar alguns.
Por favor responda para o meu e-mail sff
estranho_desassossego@hotmail.com
Um abraço **
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