Num ataque fortíssimo de saudade, no dia em que a Sandra Sofia faria 36 anos, quase morro dessa imensa saudade! Envio um beijo à minha filha que o receberá onde quer que esteja! E partilho um excerto de um escrito de outro momento de saudade atroz num igual dia 7 de Novembro..
O céu estava azul,
A pomba branca abandonou a sala escura. Bateu as asas um bocado assustada com a liberdade que lhe surgia assim, de repente, do nada…sem nada nem ninguém a persegui-la... e voou… voou rumo ao Infinito; afastou-se da pequenez da vida e do inferno em que se tornara a sua vida na terra.
Um último olhar para trás, transformou-se num pontinho minúsculo na imensidão daquele azul do céu; o ar límpido era apenas cortado por uma brisa suave e fria que soprava naquela manhã de Inverno. E ela partira para muito longe…
Até um dia, Sandra Sofia!
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Morena, pele dourada, cabelos e olhos castanhos claros, boca carnuda e uma arte de sedução inigualável, assim era a Sandra Sofia. Era e ainda é; na minha memória, ela continua viva.
Partiu numa madrugada fria, de Fevereiro. Mal respirava quando, à noite, a deixei no hospital, mesmo depois de aumentada a potência do oxigénio. Não sei se fugi, porque não quis acreditar que o fim da minha filha se aproximava e cobardemente saí, não sei se não quis aceitar aquilo que deveria estar a entrar-me pelos olhos dentro que era o fim da sua vida a aproximar-se. Não sei se descria que, afinal, a morte também a podia atingir. Aliás, não me contara ela um dia que se sentia imortal?
… …. …
Tocou o telefone eram 7 horas da manhã. Adivinhei que ela tinha partido.
O Céu escureceu pela certa e o Mundo passou a ser outro. Estava vazio! A minha vida perdeu o sentido. Pensei que bem podia ter partido com ela! Afinal, que me restava depois de ter perdido a razão de ser da minha vida durante 24 anos, precisamente os que ela vivera?
Sonho com ela, vejo-a voando alto, segura e leve, adivinho-a a sorrir, serena, com os seus cabelos castanhos dourados ao vento e sei que um dia, não sei quando, mas um dia certamente tranquilo, direi adeus à saudade, direi adeus à dor porque vou voltar a vê-la, vou agarrar-lhe na mão, vou, vou...
Oh, Sandra Sofia, minha Filha!