sábado, novembro 18, 2006

Mar azul


Esta curva de estrada à beira-mar leva-nos, entre outros destinos, a Liquiçá, Fazenda Algarve, Ermera, Bazar-Tete, Bobonaro, Suai e também ao Timor indonésio. O caminho é todo assim recortado, junto ao mar, passando por algumas salinas e muitos mangais. A paisagem é deslumbrante.
Hoje, apesar dos buracos, ainda se pode dizer que é uma estrada alcatroada. Mas, há quarenta anos, era de terra batida, poeirenta e a viagem para Liquiçá que hoje se faz em meia hora, fazia-se em mais de hora e meia.
Quando eu era miúda ia muitas vezes para a Fazenda Algarve com o meu pai. Numa dessas vezes, ia connosco um grande amigo, o senhor Mário Graça, que era escrivão, casado com a D. Alice e pai do Manano, Nené e Nelito e que hoje vivem em Moçambique.
O meu pai era muito prático, muito terra à terra. O senhor Mário Graça era mais sonhador, mais poeta. Prático e poeta, ambos casaram por amor com as suas respectivas mulheres tendo protagonizado cada um deles uma bela história de amor.
A propósito do tempo gasto na viagem, o meu pai, em conversa com o o amigo, disse-lhe que o Governo estava a pensar encurtar o trajecto, construindo uma nova estrada pela montanha. Ganhavam-se alguns quilómetros. O senhor Graça contrapôs logo que era uma pena, que se perdia a paisagem. Retorquiu-lhe o meu pai que a paisagem podia continuar a ser vista lá de cima.
Não liguei muito. E também não tem imporatância nenhuma porque não se construiru nenhuma estrada nova e tudo se manteve igual. Mas, lá de cima ou junto ao mar, o caminho continua a ser deslumbrante... Tinham os dois razão!


1 comentário:

AnadoCastelo disse...

Pois, da maneira que me falas desse país apetece cada vez mais conhecê-lo.
Agora digo eu: Ai Timor!!!
Jokas